
Outro dia eu estava atendendo uma pessoa que me dizia, dentre outras coisas, que “não conseguia dizer ‘não’”.
Segundo ela, recusar-se a atender um pedido lhe fazia se sentir mal por imaginar que isso traria duas consequências indesejáveis: o demandante ficaria chateado e ela seria vista negativamente por ele.
Assim, para evitar esses possíveis efeitos incômodos, ela preferia aceitar tudo o que lhe solicitassem.
Em outras palavras, ela troca a LIBERDADE de poder dizer “não” pelo CONFORTO de saber que não está chateando o outro nem sendo vista por ele como egoísta ou algo do tipo.
Liberdade e conforto são duas experiências que frequentemente são incompatíveis: muitas vezes ou você tem uma ou tem a outra.
É maravilhoso quando temos a sorte de podermos ser livres sem precisar passar pelo desconforto de bater de frente com o mundo, mas amiúde isso não é possível.
Não raro, a liberdade precisa ser conquistada mediante confronto, conflito, luta e, portanto, o sacrifício do conforto.
Pense, por exemplo, numa população que vive sob um governo ditatorial.
Se esse povo quiser gozar de liberdade, ele precisará inevitavelmente se indispor com as autoridades, renunciando ao (pseudo)conforto que só existe enquanto as pessoas se mantêm obedientes à tirania.
Da mesma forma, um jovem adulto que deseja gozar da liberdade de poder trazer para sua casa quem desejar terá obviamente que abrir mão do conforto de viver na casa dos pais.
Geralmente, quem tem dificuldade para fazer essa renúncia, seja por medo ou pela inércia do gozo, fica esperando que o mundo mude para que não precise abrir mão do conforto.
Tais pessoas comportam-se exatamente como uma população que bovinamente aceita os desmandos de um governo autoritário esperando que algum “salvador da pátria” a liberte.
Você é assim?
Valoriza tanto o conforto e a paz (sem voz) que topa jogar sua liberdade no lixo para não precisar entrar em conflito com ninguém?
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