
Nem sempre nos sentimos afetados quando pessoas dizem coisas negativas a nosso respeito.
Às vezes um insulto ou feedback depreciativo entram por um ouvido e saem pelo outro.
Por outro lado, há momentos em que uma fala ofensiva ou aviltante não sai da nossa cabeça.
Não conseguimos esquecê-la ainda que tenhamos reagido de alguma forma ao outro ou consideremos injusta a ofensa recebida.
Por que isso acontece?
Por que não damos bola para certos insultos e não conseguimos parar de pensar em outros?
Minha hipótese, corroborada pela experiência clínica, é a de que só ficamos “mexidos”, impactados, afetados por uma ofensa quando “a carapuça serve”.
Com isso não estou dizendo que o feedback negativo só nos incomoda quando é verdadeiro.
Por exemplo: você pode ser objetivamente uma excelente profissional e ter ouvido de um cliente irritado que seu trabalho é horrível.
Muito provavelmente essa reação lhe trará apenas um leve incômodo (afinal, ninguém é de ferro, né?) se você estiver CONVENCIDA de sua competência.
Por outro lado, se você, apesar de executar o trabalho com maestria, nutrir interiormente dúvidas acerca de sua capacidade, é bem provável que passe dias e dias repassando mentalmente o feedback negativo do cliente.
Percebeu o que acontece?
Quando aquilo que uma pessoa diz a nosso respeito vai ao encontro de coisas que a gente já pensa sobre si mesmo, a fala do outro nos afeta muito mais.
É por isso que pessoas que possuem baixa autoestima, ou seja, que já costumam avaliar a si mesmas de modo extremamente pejorativo, tendem a se sentir ofendidas com mais facilidade.
Do ponto de vista metapsicológico, podemos dizer que a fala depreciativa do outro está alinhada com aquilo que o superego do indivíduo já diz para ele o dia inteiro.
Assim, mesmo sabendo racionalmente que não é incompetente, a pessoa se sente excessivamente incomodada com o insulto do cliente.
Com efeito, tal feedback se encaixa perfeitamente na visão distorcida que ela tem de si mesma.
Por outro lado, quem tem a sorte de não sofrer com um superego tão tirânico e sádico ouve a ofensa e a experimenta tão-somente como um leve tiro de raspão em seu narcisismo.
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