
Existem alguns conceitos psicanalíticos que, por refletirem a experiência humana com muita precisão, acabam sendo incorporados ao senso comum.
Um deles é a noção de DEFESA.
Freud formulou esse conceito lá no final do século XIX para explicar o que lhe parecia estar na gênese de certas formas de adoecimento psíquico.
Seguindo a trilha indicada pelo discurso de seus pacientes, o pai da Psicanálise percebeu que havia na mente de todos eles um profundo CONFLITO.
Conflito entre o que almejavam ser e o que verdadeiramente eram ou, dito de outra forma, entre seus ideais e seus desejos.
Freud percebeu que a doença da qual padecia o paciente era justamente o DESFECHO desse conflito.
Afinal, o paciente ficava do lado dos ideais e virava as costas para seus desejos.
Resultado: os desejos se rebelavam e se expressavam à revelia da vontade do sujeito por meio da doença.
Essa constatação levou Freud a postular a tese de que as neuroses são causadas essencialmente por um processo de… DEFESA:
O paciente adoece porque SE DEFENDE dos próprios desejos.
Hoje em dia essa ideia já não provoca reações de espanto.
A popularização do discurso psicanalítico nos tornou habituados à noção de defesa como um mecanismo que frequentemente utilizamos em relação a nós mesmos.
Por razões ligadas à nossa história de vida, podemos encarar certas partes de quem somos como coisas perigosas, ameaçadoras, desestabilizadoras.
Assim, adotamos uma postura “autoimune”: desperdiçamos energia construindo barreiras de proteção contra nós mesmos.
Às vezes, elas são resistentes e “funcionam” até bem, pois nos colocam em conformidade com imperativos sociais, culturais, econômicos, morais…
O problema é que a vida fica sem graça, entediante e com aquele mal-estar difuso que sinaliza a presença potente e intensa dos desejos contidos.
Em outros casos, as barreiras de defesa são mais frágeis e não suportam a força impetuosa do desejo.
E aí o sujeito é obrigado a recorrer à doença — último recurso para evitar olhar para essa parte de si mesmo que ele insiste em querer extirpar.
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No caso em questão, a doença faz todo sentido, pois a mesma, demanda um alto custo de energia libidinal, pelo conflito que se instala entre o id e o ego…
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