[Vídeo] Dá para fazer autoanálise?

Eventuais insights só acontecem quando falamos com a suposição de que TEM ALGUÉM OUVINDO o que estamos dizendo. É só falando livremente com um outro que a gente consegue SE ESCUTAR.


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[Vídeo] 4 técnicas que todo psicanalista utiliza

A terapia psicanalítica não é uma simples conversa. Apesar de analista e paciente falarem coisas um para o outro, esse diálogo é intencionalmente estruturado de uma forma específica para produzir determinados efeitos. E isso acontece por meio da aplicação de determinadas técnicas. Neste vídeo, comento 4 delas.


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A invenção da associação livre, a técnica terapêutica mais “mineirinha” de todas

Você sabe como Freud estabeleceu a associação livre como principal ferramenta de trabalho na Psicanálise?

Foi mais ou menos assim:

Admitindo não ser um bom hipnotizador e considerar a hipnose uma técnica meio mística, Freud passou a praticar o método catártico inventado por Breuer sem hipnotizar seus pacientes.

Em vez disso, ele apenas pedia insistentemente aos doentes que se lembrassem dos seus traumas, crente de que eram plenamente capazes de fazer isso.

Não deu muito certo.

Alguns pacientes se lembravam, outros não.

Ao invés de trazerem à consciência as memórias reprimidas, muitos doentes começavam a falar de outras coisas que não tinham relação direta com seus problemas emocionais.

Ou seja, por não conseguirem se lembrar daquilo que supostamente era o mais importante (os traumas), tais doentes acabavam comunicando ao médico O QUE LHES PASSAVA PELA CABEÇA NO MOMENTO.

Freud até tentou dirigir a atenção desses pacientes para o “foco”, ou seja, o resgate das lembranças reprimidas, mas… não teve jeito:

Em vez do relato do trauma, o que vinham eram só esses “pensamentos despropositados”, como ele os chamou.

Houve até uma paciente que pediu explicitamente para que Freud parasse de lhe fazer perguntas e a deixasse falar livremente.

Dessa vez, o obstinado médico vienense teve que dar o braço a torcer.

Assim, ao invés de ficar insistindo vigorosamente para que seus pacientes se lembrassem dos traumas, Freud começou a a pedir a eles que apenas falassem o que lhes viesse à mente.

— Uai, Lucas, mas e o conteúdo reprimido? Freud simplesmente desistiu de buscá-lo?

Não, não.

Como bom cientista, o pai da Psicanálise acreditava firmemente no pressuposto do determinismo psíquico, segundo o qual nenhum pensamento acontece por acaso.

Assim, passou a trabalhar com a hipótese de que por mais APARENTEMENTE aleatória que fosse a verbalização do paciente, ela certamente teria ALGUMA RELAÇÃO com as memórias reprimidas.

Portanto, o objetivo do tratamento continuou a ser ajudar o paciente a reintegrar o conteúdo reprimido.

Só que agora, essa meta seria alcançada de modo mais “mineirinho”, comendo-se pelas beiradas, com terapeuta e paciente viajando juntos de pensamento em pensamento…


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[Vídeo] Psicanalista explica quando o paciente deve ir para o divã

O divã dá mais liberdade ao paciente para fazer a associação livre e também ajuda o analista a exercer a atenção flutuante. Mas qual é o momento certo de pedir ao paciente que faça as sessões deitado no divã? Assista ao vídeo e descubra.


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A gente faz Psicanálise porque é só falando livremente com um outro que a gente consegue SE ESCUTAR.

Não dá para substituir terapia de verdade por uma pretensa autoanálise.

Apesar de não se encontrar formalmente com outra pessoa para fazer análise, Freud não estava tecnicamente sozinho em sua suposta autoanálise.

Com efeito, ele tinha INTERLOCUTORES com os quais compartilhava as descobertas que fazia durante esse processo.

Quem foram eles?

Primeiramente, seu amigo (à época) Wilhelm Fliess, com quem trocou dezenas de cartas, e, por incrível que pareça, SEUS PRÓPRIOS LEITORES.

Sim! Livros como “A Interpretação dos Sonhos” e “A Psicopatologia da Vida Cotidiana” registram uma série de elaborações que Freud empreendeu em sua “autoanálise”.

Nesse sentido, nós, destinatários virtuais desses textos, ocupamos, de certa forma, o lugar de analistas para Freud.

— Mas, Lucas, como isso é possível? O analista, então, é meramente um interlocutor?

Não, caro leitor.

É óbvio que as INTERVENÇÕES do analista são essenciais para o progresso do tratamento.

É por isso, inclusive, que podemos dizer, sem medo, que a autoanálise de Freud foi capenga.

Provavelmente, o velho teria avançado muito mais caso tivesse se deitado no divã de algum de seus alunos.

Por outro lado, os resultados da terapia psicanalítica não podem ser atribuídos exclusivamente àquilo que o analista diz ou faz.

O simples fato de haver alguém para quem encaminhamos nossas queixas, indagações e elaborações já é, em si mesmo, terapêutico.

Isso acontece porque, no momento em que articulamos nossos pensamentos na forma de uma fala livre (exigência da Psicanálise), temos a oportunidade de perceber ligações, semelhanças e equivalências entre nossas ideias que só se evidenciam no âmbito da FALA.

E não de qualquer fala. Afinal, como se sabe, falar sozinho não produz o mesmo efeito.

Eventuais insights só acontecem quando falamos com a suposição de que TEM ALGUÉM OUVINDO o que estamos dizendo.

É só falando livremente com um outro que a gente consegue SE ESCUTAR.

Se esse outro RESPONDE na forma de uma interpretação ou de um corte, a escuta de si fica ainda mais refinada.

Mas, se ele simplesmente ocupa silenciosamente o lugar de destinatário do nosso discurso, isso já é suficiente para que os nossos ouvidos se abram à nossa própria voz.


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A ânsia pela coerência mutila a alma


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4 técnicas essenciais na prática da Psicanálise

Uma sessão de terapia psicanalítica se parece muito com uma conversa.

Não por acaso, o método catártico — embrião da Psicanálise — foi chamado por Anna O. de “talking cure” (cura pela conversa).

Assim, se um desavisado visse à distância uma sessão de Psicanálise, poderia muito bem ter a falsa impressão de que analista e paciente estão só batendo papo.

Aliás, os próprios pacientes muitas vezes podem ter essa sensação…

No entanto, obviamente sabemos que não se trata disso; a terapia psicanalítica não é uma simples conversa.

E por que não?

Porque, apesar de analista e paciente falarem coisas um para o outro, esse diálogo tem um caráter ARTIFICIAL.

Isso significa que ele é intencionalmente estruturado de uma forma específica para produzir determinados efeitos.

E esse arranjo artificial, por sua vez, é concretamente estabelecido por meio da aplicação de determinadas técnicas por parte do psicanalista.

Nos cards você encontrará 4 delas.


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[Vídeo] Na prática: entenda como funciona a Psicanálise

Neste vídeo: entenda como uma terapia psicanalítica acontece na prática (quais são seus objetivos, o que o paciente precisa fazer, como o terapeuta atua, dentre outros aspectos).


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Quando o analista deve pedir ao paciente para se deitar no divã?

Quero abordar essa questão no texto de hoje, mas antes preciso esclarecer um ponto muito importante acerca do próprio uso do divã na terapia psicanalítica.

Não, essa peça de mobiliário NÃO é um item indispensável para a prática da Psicanálise.

Freud usava o divã basicamente porque considerava muito cansativo ficar olhando para diferentes pessoas ao longo de um dia inteiro de trabalho.

Por outro lado, o próprio pai da Psicanálise e a comunidade analítica de forma geral foram se dando conta de que esse móvel realmente FACILITA o trabalho terapêutico.

Com efeito, dá mais liberdade ao paciente para fazer a associação livre e também ajuda o analista a exercer a atenção flutuante ao que é dito pelo analisando.

Todavia, favorecer não significa POSSIBILITAR.

Como eu disse, o divã facilita o trabalho analítico, mas é totalmente possível desenvolver esse trabalho sem ele.

Se não fosse assim, a prática da Psicanálise no serviço público ou na modalidade online seria inviável.

Feitas essas considerações preliminares, vamos à questão: se o analista trabalha com o divã, quando deve convidar o paciente para se deitar nele?

Na minha opinião, isso deve acontecer só depois que o terapeuta é introjetado pelo paciente, ou seja, quando se torna um objeto interno no psiquismo do analisando.

Na prática, isso corresponde ao momento em que o paciente passa a se relacionar com o analista não mais como um simples profissional com quem ele conversa toda semana, mas essencialmente como um DESTINATÁRIO.

Sim, um destinatário: alguém a quem ele endereça suas fantasias, seus anseios, suas queixas — elementos que outrora foram dirigidos a papai e mamãe.

Esse processo está em franco funcionamento quando, por exemplo, o analisando tem sonhos com o terapeuta ou pensa nele quando acontecem determinadas coisas ao longo da semana…

Enfim, trata-se do momento em que a figura do analista começa a FAZER PARTE dos pensamentos do paciente fora das sessões.

Nessa situação, pedir ao analisando para se deitar no divã, ou seja, retirar do campo de visão dele a imagem real do analista, funciona como uma estratégia para reforçar a relação do paciente com o terapeuta enquanto objeto interno.


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[Vídeo] 4 boas práticas para você aproveitar melhor sua terapia

Sim, tem coisas que você pode deliberadamente fazer para tornar o seu processo terapêutico ainda mais produtivo e enriquecedor. Eis algumas delas.


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Como a Psicanálise funciona?

Volta e meia, pessoas interessadas em agendar uma consulta me perguntam como funciona um tratamento psicanalítico.

É uma pergunta totalmente legítima. Afinal, é razoável que uma pessoa queira saber como acontece o processo terapêutico ao qual pretende se submeter.

Este texto será justamente uma resposta a esse questionamento.

Tentarei ser o mais simples e didático possível.

Vamos lá:

Em Psicanálise nós trabalhamos com base no pressuposto que existe uma parte da sua mente da qual você não tem consciência, à qual nós damos o nome de… isso mesmo: Inconsciente.

Os psicanalistas acreditam que é no Inconsciente que se encontram as raízes do adoecimento que levou você a procurar ajuda.

— Como assim?, você pergunta. E eu explico:

No Inconsciente estão uma série de pensamentos, desejos, intenções, medos, raciocínios, conclusões, crenças que foram se desenvolvendo na sua alma ao longo da vida, mas com os quais você não dá conta de lidar.

É justamente por isso que você mantém essas coisas fora do seu campo de consciência: para não ter que sentir a angústia de olhar para elas.

O problema é que, para mantê-las no Inconsciente, você precisa gastar muita energia e acaba forçando esses pensamentos, desejos, crenças etc. a se manifestarem na sua vida disfarçadamente, por meio de problemas emocionais.

Na Psicanálise, o terapeuta vai estimular você a falar sobre as suas questões de uma maneira diferente: sem ficar tentando controlar as palavras e selecionar os assuntos previamente.

Ele dirá para você simplesmente comunicar-lhe o que passa pela sua cabeça.

O objetivo é facilitar a entrada daquelas coisas do Inconsciente no seu campo de consciência.

Afinal, se você, ao invés de continuar reprimindo essas coisas, conseguir olhar para elas de frente, sem medo e encontrar um espacinho para acolhê-las na sua consciência, não precisará mais continuar doente, desperdiçando energia para mantê-las presas no Inconsciente.

Para ajudar você a perder o medo que te faz reprimir, o terapeuta vai ora provocar, ora apoiar, mas fundamentalmente desenvolverá contigo um vínculo confiável.

Pois só a confiança é capaz de vencer o medo.


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[Vídeo] Psicanálise não é uma conversa

Muita gente que nunca fez análise imagina que as sessões são constituídas basicamente de um bate-papo com o terapeuta. Neste vídeo eu explico por que essa ideia é equivocada.


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Por que é tão difícil fazer associação livre?

Freud estabeleceu que, no tratamento psicanalítico, o paciente deve falar tudo o que lhe vier à cabeça durante as sessões.

No entanto, a verdade, constatável por qualquer analista sincero, é que são raríssimos os pacientes que efetivamente fazem associação livre.

A maioria seleciona mais ou menos cuidadosamente o que fala, mesmo sob protestos reiterados do terapeuta para que isso não aconteça.

Sem falar naqueles que trazem para as sessões uma “pauta” anotada no papel ou no celular.

Não sou desses que proíbe o paciente de trazer essas notas ou que lhe dá uma bronca por não fazer a associação livre.

Por influência do psicanalista húngaro Sándor Ferenczi, entendo que o analista que age assim converte-se automaticamente na encarnação de uma figura parental excessivamente dura e severa.

Por outro lado, é interessante refletir sobre os motivos pelos quais é tão difícil para a imensa maioria dos pacientes fazer a associação livre.

Qualquer pessoa que já tenha feito a experiência de simplesmente verbalizar o fluxo de ideias que passam por sua cabeça sabe que o resultado não é lá muito agradável.

Inevitavelmente você acaba falando coisas que jamais imaginou que sairiam de sua boca.

Isso evidencia aquilo que o Lacan chamou, em certo momento, de “a realidade do discurso em sua autonomia”.

O exercício da associação livre nos faz perceber que as palavras parecem ter vida própria e que basta retirar temporariamente a censura egoica de cena para que elas manifestem sua autonomia.

Ao verbalizarmos tudo o que vem à nossa cabeça, nos damos conta de que, apesar de falarmos, somos, na verdade, muito mais FALADOS.

Essa constatação provoca ansiedade, pois faz com que o Eu se sinta ameaçado pelo fluxo autônomo das ideias.

Dá medo, né?

Afinal, sabe-se lá o que sairá de nossas bocas…


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“A boca fala do que está cheio o coração.”

Esta é uma das diversas teses psicológicas de Jesus de Nazaré que se encontram registradas nos Evangelhos.

Ela aparece naquele que talvez tenha sido o discurso mais contundente de Jesus contra os fariseus, em que Ele os chama de “raça de víboras”.

Curiosamente, quando nos lembramos dessa frase “A boca fala…” nos esquecemos de que ela é a resposta da pergunta retórica que Jesus dirige aos fariseus nesses termos:

“Raça de víboras, como podem vocês que são maus, dizer coisas boas?”

Estou chamando sua atenção para essa questão porque ela evidencia um interessante alinhamento entre as concepções de Jesus e as da Psicanálise.

Com efeito, ao insinuar que os fariseus, sendo maus, não poderiam dizer coisas boas, Jesus está implicitamente afirmando que nós não controlamos nossa fala.

A conclusão “A boca fala do que está cheio o coração” é justamente um reforço dessa ideia.

Para Jesus, o Eu parece não ter autonomia completa sobre a fala. Por mais que tente controlar o que sairá de sua boca, no fundo é o Coração quem estará realmente no comando.

Ora, quem disse exatamente a mesma coisa, mas utilizando outros termos, foi o velho Freud.

A invenção da técnica da associação livre e, juntamente com ela, a ênfase na análise dos sonhos e atos falhos mostram justamente que, também para Freud, a verdade sempre escapa do controle do Eu.

Quando seguimos a recomendação freudiana e pedimos aos nossos pacientes que falem tudo o que lhes vier à cabeça, estamos atestando nossa confiança de que da boca deles sairá NECESSARIAMENTE a verdade.

Quando não tratamos um lapso do paciente apenas como um errinho irrelevante, mas o convidamos a interpretá-lo, estamos demonstrando nossa convicção de que… “A boca fala do que está cheio o coração”.

Ao perguntar retoricamente aos fariseus “como podem vocês que são maus, dizer coisas boas?”, Jesus estava sugerindo que existe uma correspondência entre o SER e o DIZER.

Em outras palavras, o que efetivamente DIGO atesta quem verdadeiramente SOU, ainda que “pelo meu muito falar” eu queira farisaicamente convencer os outros e a mim mesmo de que sou o que GOSTARIA DE SER.

Freud certamente daria like nessa “postagem” de Jesus.


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A associação livre não é livre

Associação livre é a expressão que a gente tradicionalmente usa em português para traduzir “Freie Einfälle”, o termo alemão empregado por Freud.

A própria tradução de “Einfälle” por “associação” ou “associações” já é problemática.

Com efeito, associar é um verbo que designa a ação de conectar voluntariamente uma coisa com outra, mas não é disso que se trata nas “Freie Einfälle”.

A tradução mais literal para Einfälle seria “ideias” ou “ocorrências mentais”, ou seja, não se trata de algo que EU faço (como associar), mas de algo que ME ACONTECE.

A expressão “associação livre” pode levar as pessoas a pensar que o paciente em análise é convocado a se esforçar para fazer conexões entre suas ideias.

Na verdade, é justamente o oposto: os analistas pedem aos pacientes que abandonem o ímpeto de controlar seus pensamentos e simplesmente descrevam o que lhes OCORRE.

Em outras palavras, a suposta associação que o paciente está fazendo não ocorre voluntariamente. A passagem de uma ideia para outra não é controlada por ele.

É por isso que eu digo que a associação livre não é livre.

De fato, quem goza de liberdade nesse caso é apenas o Inconsciente, que pode se manifestar de forma menos distorcida quando o paciente renuncia a controlar seus pensamentos.

O Eu, no entanto, aquele a quem o analista pede que fale o que vier à cabeça, é chamado justamente a abrir mão de sua liberdade (que é mais ilusória do que real).

Quando Freud estabelece as “Freie Einfälle” como técnica fundamental da Psicanálise, ele faz isso justamente por não acreditar na liberdade…

A tese de que podemos acessar o que o paciente esconde de si ao pedir que ele fale o que lhe vier à cabeça se fundamenta no pressuposto do determinismo psíquico.

De acordo com essa premissa, nosso funcionamento mental não acontece de modo aleatório.

Nesse sentido, se uma ideia, por mais irrelevante que pareça ser, ocorre em minha mente, essa ocorrência não se faz por acaso.

Na prática, fazer associação livre significa abrir mão da liberdade imaginária que nos impede de perceber que nossos pensamentos “já estavam escritos”…

Quem está na Confraria Analítica receberá ainda hoje (sexta) uma AULA ESPECIAL sobre o conceito de associação livre.


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