
A experiência clínica tem me mostrado que, em muitas pessoas, um fator chave na constituição da personalidade foi a repressão de certos aspectos muito ligados a determinadas figuras parentais.
Deixa eu explicar esse negócio de forma mais clara.
Imagine, por exemplo, uma moça que desde criança viu sua mãe se comportando de modo subserviente e passivo na relação com o pai.
Essa jovem evidentemente pode tomar a genitora como modelo e vir a se tornar muito semelhante a ela nas suas próprias relações amorosas.
Isso a gente já conhece. É o que a Psicanálise chama de “identificação”.
O fenômeno que a clínica tem me mostrado é diferente.
Imagine que a tal moça, ao invés de se identificar com a mãe, desenvolva uma forte aversão à postura materna, considerando-a humilhante e indigna.
Ora, essa jovem se esforçará o máximo possível para não se tornar parecida com a genitora.
E, ao fazer isso, ela precisará necessariamente reprimir as disposições passivas e masoquistas que naturalmente existem dentro dela (e de qualquer pessoa).
Resultado: a moça poderá se tornar excessivamente ativa e dominadora em seus relacionamentos, comprometendo a continuidade deles no longo prazo.
Desejando a todo custo fugir do padrão materno, ela cria uma profunda rachadura em sua personalidade, tornando-se inimiga de suas próprias tendências passivas — as quais, cabeça dela, são representantes da mãe.
Um processo parecido é vivenciado por muitos homens que reprimem sua agressividade espontânea por terem convividos com pais violentos.
Tais homens, ao contrário da moça do exemplo anterior, se tornam excessivamente dóceis, passivos e submissos porque estão lutando arduamente para não se assemelharem aos genitores.
Para eles, a expressão natural da agressividade é vivenciada como perigosa, pois remete diretamente à figura paterna.
Por outro lado, a clínica me mostra também que esse processo é sempre ambivalente:
De alguma maneira, parece que o padrão aversivo do pai ou da mãe é também incorporado, mas fica ilhado no Inconsciente, perturbando o sujeito por meio de sintomas, inibições e ansiedades.
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