
A experiência clínica tem me mostrado que, em alguns casos, o excesso de ansiedade e preocupações está relacionado a uma dificuldade básica de CONFIAR.
Não me refiro apenas à AUTOCONFIANÇA, mas à confiança no mundo, nos outros, na vida, no tempo…
Falta para algumas pessoas a tão singela capacidade de RELAXAR e acreditar que as coisas podem funcionar sem a intervenção delas.
Tais indivíduos estão sempre achando que, se não fizerem alguma coisa, uma grande catástrofe vai acontecer.
Por isso, estão sempre apressados. Não podem perder um minuto sequer, pois, do contrário, não haverá tempo suficiente.
Não se permitem ir fazer uma prova acreditando que, por terem se preparado, têm tudo para obter uma boa nota. Não. Apesar de terem passado horas e horas estudando, eles não conseguem REPOUSAR no conhecimento internalizado para fazer a avaliação com tranquilidade.
Tais pessoas nutrem a fantasia inconsciente de que PRECISAM estar sempre no controle.
Como toda fantasia, essa também está baseada, como se diz no cinema, em “fatos reais”.
Geralmente, pessoas que apresentam esse padrão são provenientes de famílias em que os pais (por diversas razões — não se trata aqui de culpá-los) não puderam oferecer para o sujeito uma dose suficientemente boa de suporte e auxílio.
Assim, muito precocemente a pessoa teve que se virar sozinha, não podendo contar com uma porção satisfatória de DEPENDÊNCIA em relação ao outro.
Essa experiência infantil tende a levar o sujeito à conclusão de que não pode contar com nada nem ninguém — nem consigo mesmo em certo sentido…
Nesses casos, a terapia psicanalítica ajudará o paciente a reconhecer e questionar essa fantasia, impulsionado principalmente pela relação com o analista — vínculo marcado justamente pelos elementos que faltaram na história do sujeito, a saber: DEPENDÊNCIA e CONFIANÇA.
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Olá Lucas, achei muito interessante essa chave da confiança no tempo, na vida, como um dos fatores para entender a ansiedade. Me identifiquei bastante, pois tem a ver com os momentos em que me sinto ansiosa. Estou fazendo um trabalho de conclusão de curso e gostaria de colocar esse ponto que você trouxe. Isso vem de uma percepção sua, da sua experiência clínica, certo? Existe também alguma referência na literatura psicanalítica sobre esse isso? Realmente achei muito interessante! Grata.
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Oi, Adriana! Trata-se de uma elaboração minha baseada tanto na experiência clínica quanto na obra de Winnicott. Indico esse autor como uma boa referência para o seu TCC. Grande abraço!
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