
— Boa tarde, Andressa. Vamos entrar? — pergunta Gisele tentando disfarçar a insegurança que teima em afetar sua voz.
Andressa é uma jovem universitária de 21 anos que alega ter muitas crises de ansiedade. Ela cursa Enfermagem na mesma universidade em que Gisele faz Psicologia.
Esse será o primeiro atendimento de Gisele no estágio de psicoterapia.
Apesar de já ter feito muitas entrevistas clínicas em estágios anteriores, ela está bastante tensa, pois sente o peso da responsabilidade de ter agora uma paciente sob seus cuidados.
A estagiária está sendo supervisionada pela professora Ana, uma experiente psicanalista.
Apoiando-se nas orientações da supervisora e na bibliografia indicada por ela, Gisele inicia o atendimento pedindo à paciente que fale o que lhe vem à cabeça.
— Como assim? — pergunta Andressa.
Por essa a estagiária não esperava! Sem conseguir disfarçar a tensão, ela explica:
— É que aqui você pode falar sobre o que quiser.
— Entendi. Eu procurei o atendimento aqui da clínica porque eu sou muita ansiosa. Só ontem eu tive duas crises. Meu namorado não aguenta mais.
Gisele espera que a paciente continue falando, mas, depois de alguns segundos em silêncio, ela só diz:
— É isso.
A estagiária fica sem saber o que fazer. Afinal, ela aprendeu que na Psicanálise é o paciente que conduz a sessão por meio da associação livre. Mas Andressa simplesmente não associa!
Incomodada com o silêncio, Gisele decide fazer uma pergunta:
— E como são essas crises que você tem?
A paciente responde novamente de modo sucinto, objetivo, sem fazer nenhuma associação.
Em contrapartida, angustiada com os momentos de silêncio, Gisele não para de fazer mentalmente associações com base no pouco material que Andressa lhe apresenta.
A estagiária sai do atendimento exausta e frustrada. Ela acha que não conseguiu fazer de fato um atendimento psicanalítico.
Mas fez.
O que ela ainda não sabe é que Andressa não é uma paciente neurótica. Por isso, o trabalho com ela não acontecerá nos moldes tradicionais.
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