
— Aconteceu de novo, Sonia. Mais uma vez, não consegui manter minha boca fechada e acabei falando o que não devia.
Foi assim que Vinícius começou sua sessão de análise naquela tarde de quarta-feira.
— O pessoal estava batendo cabeça para encontrar um novo horário para nossas reuniões semanais e aí eu não aguentei…
Irritado, ele se remexeu no divã e continuou:
— Falei que a gente tinha que manter o horário de sempre e que só estávamos tendo todo aquele trabalho porque a Rita era folgada.
— Como assim?, perguntou a analista.
— É que a gente sempre se reuniu às segundas ao meio dia. Porém, ultimamente a Rita começou a faltar e o diretor pediu para escolhermos um novo horário.
— Você achou isso injusto?
— Sim. Ela falou que estava faltando às reuniões porque começou uma dieta nova e não podia atrasar o almoço. Olha o nível da folga!
— Entendi, disse Sônia.
— Mas logo depois de falar aquilo, me senti muito culpado. Além de ter gerado um climão, lembrei de como a Rita foi gente boa comigo quando cheguei na empresa.
— E aí passou a achar que era você quem estava sendo injusto…, comentou a analista.
— Exato. Aí, meio no impulso, falei: “Gente, esquece o que eu disse. Estou de cabeça quente. Para mim, qualquer horário está ótimo.”
— Você abriu mão do seu direito de participar da escolha.
— Sim, achei que era uma forma de compensar meu comentário infeliz. Se eu pudesse voltar no tempo, teria ficado calado.
Vinícius parece acreditar que ter sacrificado sua opinião poderia apagar magicamente o que havia dito.
Na Psicanálise, chamamos esse processo de “anulação do acontecido”.
Ele e o isolamento são dois mecanismos de defesa frequentemente encontrados na neurose obsessiva.
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