
Quando a gente fala que no Inconsciente encontram-se memórias, desejos e fantasias que nós reprimimos, corremos o risco de imaginar que o processo acontece mais ou menos assim:
A gente experimenta conscientemente o desejo, entende que ele é incompatível com o ego e decide retirá-lo da consciência.
Todavia, não é dessa forma que as coisas se passam.
Na segunda fase da sua produção teórica (que começa no início dos anos 1920), Freud chega à conclusão de que os mecanismos de defesa (como o recalque) são acionados pela experiência da ansiedade.
Como sabemos, ansiedade, angústia e medo são afetos que se caracterizam por sensações muito semelhantes.
Nesse sentido, creio que não seria incorreto dizer que a gente se defende quando está com medo, ou seja, quando nos sentimos AMEAÇADOS.
Com efeito, certas memórias, desejos e fantasias parecem tão contrários à imagem que temos de nós mesmos e de outros que SEM PENSAR a gente reprime esses conteúdos.
SEM PENSAR: esse é o ponto. A defesa não ocorre após um esforço reflexivo por parte da pessoa.
A gente reprime simplesmente porque tem a IMPRESSÃO de que não vai dar conta de suportar conscientemente determinados conteúdos.
É o medo que produz a defesa e não uma avaliação racional das memórias, desejos e fantasias que parecem ameaçadores.
Nesse sentido, o que a gente encontra no Inconsciente são justamente conteúdos não compreendidos, não avaliados.
Como aquelas comidas que a gente, por medo, evita comer antes mesmo de provar.
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